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19 de julho de 2011

27º Capítulo - Um tiro no escuro


Enquanto seguia para fora do galpão, intimamente ia dizendo: Vamos Curtis, vamos... vamos... por favor, fala alguma coisa, faz alguma coisa por favor, Urik!
Acabei alcançando a porta mais rápido do que desejei; Porém, antes que eu colocasse o meu pé para o lado de fora, o ouvi murmurar:
- Espera, Elladora.
Metade de todas as tensões que sentia deixaram as minhas costas, mas não mais me movi, esperei que ele dissesse mais alguma coisa:
– Entra... por favor?


Dei a volta calmamente, e fui até ele com o ar cansado:
- O que foi?
- Você tem razão, eu... – Ele abaixou a cabeça e eu ordenei.
- Olha pra mim, Urik. – Ele obedeceu - Você o quê?
- Eu acho... que... gosto de você.


- Ah! Você acha? – Iniciei uma meia volta, e Urik me segurou pelo braço dizendo com firmeza:
- Não, espera! Tenho certeza! Eu... gosto de você.


Apesar da enorme vontade que tive de sorrir me segurei, e ordenei mais uma vez:
- Então me beija.
- Não.
- Você confessa que gosta de mim, e não vai me beijar?
- Eu não posso!


Aproveitei que ele estava ocupado demais se descabelando e o ataquei. Só tomei alguma consciência do que tinha feito depois que ele já estava preso embaixo do meu corpo implorando:
- Não faz isso.


- Se eu te beijar, o que vai acontecer? – Perguntei assim que pude ver o seu rosto confuso.
- Não faz isso, estou te pedindo.
- O que vai acontecer, Urik? Você vai me bater?
- Não...
- Vai me matar? Me amarrar, me fazer prisioneira?
- Não!
- Então qual será a consequência?
- Só não faz isso... se você quiser continuar me...


Não deixei ele terminar de falar, pouco me importava o que ele tinha a dizer, me lancei em direção ao seu rosto encostando meus lábios no dele; não houve violação, e ainda que tenha durado poucos segundos foram suficientes para eu conseguir descrever com perfeição a textura exata da pele da boca dele... foi como tomar um choque de mil volts, o barulho da pressão ainda vaga nas minhas lembranças.


Voltei a encará-lo e ele me olhava chocado... lancei-me novamente em sua direção enquanto abafava mais uma vez o seus pedidos, que eram irrelevantes.
Pressionei meus lábios nos dele, e tentei com alguma dificuldade passar a língua para dentro da sua boca, encontrei resistência por algum tempo, mas logo acabou. Urik tinha o beijo exatamente como eu imaginava, era tudo como eu havia sonhado.


Muito tempo depois, eu me encontrava no limite do fôlego assim como Curtis, nos sentamos lado a lado e partilhamos alguns instantes de silêncio; tinha acabado de dar um tiro no escuro, não sabia que viria a seguir.


Então, ele suspirou profundamente e indagou:
- Está satisfeita agora?
- Mais, impossível. - Usei toda a minha sinceridade para responder.
- Mudou alguma coisa pra você?
- Estou satisfeita, Urik! Isso já muda alguma coisa, não é? - Eu não conseguia parar de sorrir, seria impossível naquele momento, e talvez pelos próximos dois séculos.


- Ótimo, que bom que se sente assim! – Respondeu ao se levantar, dando sérios sinais de irritação - Agora você já pode dar o fora.


Me levantei no seu encalço:
- Cara! Por que ao invés de você me mandar embora, não pode me abraçar e aproveitar que o sentimento é recíproco?
Argumentei espantada, ao perceber como os dois séculos passaram muito rápido tendo Urik por perto:
- Comigo as coisas não funcionam assim; Além do mais... você não quis me beijar? Não quis saber qual seria a “consequência”? Ela está aqui: Dê o fo-ra.


- Você está sendo injusto comigo, Curtis... E com você também.
- Para de falar, Elladora, você não fica quieta nunca! – gritou ele, deixando o controle há milhas de nós - Você ataca o meu psicológico com esse monte de palavras, isso me deixa louco! Me deixa apavorado!
- Mas... Não precisa ter medo de mim, Urik. – Resmunguei chorosa.
- Eu não tenho medo de você, tenho medo é de mim quando você está perto!


- Por quê?
- Por quê? – Ele sorriu fraco, e depois falou de uma forma muito triste – Porque perco o controle, eu não me reconheço, eu faço coisas que eu não faria, e sinto uma outra porção de coisas, que... Me tiram o chão, e... Eu não gosto disso.


Não tinha mais nada que eu pudesse fazer, afinal tinha feito a minha escolha, ciente dos cinquenta por cento de chances para errar ou acertar... jogando com o Curtis, o resultado final só poderia ser negativo:
- Vamos, Elladora... – Ordenou Urik, friamente – Suma da minha frente, eu não quero mais te ver.
Dei as costas para ele e comecei a caminhar, minha visão estava completamente embaçada pelas lágrimas que estavam dispostas a transbordar; mas não iria chorar na frente do Urik.


Antes de deixar o galpão voltei a olhar para Urik que ainda se encontrava na mesma posição. Um frio agudo percorreu minha espinha só de imaginar que poderia ser a última vez que estávamos tão próximos; todavia, não quis me arrepender da atitude que eu havia tomado, e imagino que nunca tenha me arrependido de fato.


Ainda que ele nunca mais me olhasse na cara eu o teria beijado, e se eu tivesse uma chance de voltar atrás, e de poder viver aquele momento novamente sabendo como as coisas terminariam, tenho certeza que eu o beijaria de qualquer maneira, pois eu merecia no final de tudo, ao menos guardar a lembrança do exato momento em que toquei os seus lábios com os meus.


Enquanto caminhava de volta para a república, finalmente compreendi o que Urik quis dizer quando soltou a frase: “Agora eu sei que o beijo perfeito é o beijo da morte” passei meses tentando decifrar o que ela significava, e precisei beijá-lo para saber que: o beijo perfeito era o dele, e a morte tinha sido a da minha alma, que perdi no instante em que me apaixonei por Urik Curtis.

6 comentários:

  1. Pelo menos ela deu um bata nesta história!

    AMO!
    bjosmil! *.*

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  2. Bem... nem eu estou acreditando no q vou dizer agora... Mas hj eu fico do lado do ensebadinho aí... Por mais que Elladora quisesse o tal beijo, ela não devia te-lo forçado... Devia ter dado um tempo... Tentar uma nova abordagem outro dia... Ou esperar pelo que ele iria dizer... Agarrar o cara e força-lo a fazer o que não quer? affff
    Queria ver se fosse o contrário... lixa*

    Beijos

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  3. Nãaaaaaao!!
    .aa.
    .aa.
    .aa.

    A música já diz tudo... Não se vá... çç'

    E ainda quero entender que palhaçada ele tem com beijar a Ell.

    Já estava pulando de alegria aqui na cadeira quando ele confessou, finalmente, gostar da Ell... E o que acontece a seguir??? .aa.

    Vou ali virar pista de carro. .-.

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  4. ... e... espero que tenha sido a última vez. Para o bem do meu coração! (è.é)

    Bjks!

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  5. OMG mesmo sofrendo é melhor pra ela que seja o fim dessa história... Esse Urick é doido, lindo, mas doido... ¬¬'

    ;*

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  6. Mita: Não sobraram muitas alternativas :( Ela tinha que pagar pra ver!

    Mynna: Agarrar a força entre aspas, né? Tá certo que ele estava no meio do furacão, mas se o Urik realmente não quisesse, poderia ao menos ter empurrado a Elladora, ele é mais forte... Bom, ela atirou no escuro e conhece o Curtis o suficiente pra saber que ele é anormal, imagino que ela tenha tido esperanças dele se render no final, mas... nem sempre as coisas acontecem como planejamos, com ela não foi diferente.
    Se fosse ao contrário? Ela ia amar! FATÃO!

    Suh: Urik Curtis, poderia ser sinonimo de futuro incerto. ¬¬'

    Pah: kkkkkkkkk Aguenta coração, ainda tem muita história pela frente!

    Deka: Eu gostaria que a Elladora encontrasse alguém que a fizesse feliz, sofro tanto com ela
    Omg. :(


    Obrigada pelos coments.. ^^ Amo¹²³

    Beijos mil

    ;*

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