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30 de agosto de 2011

38º Capítulo - Andorinhas


O nosso namoro tinha sido marcado com o início do verão, juntamente com a vinda das andorinhas que nos fizeram companhia por três meses, aprontando a maior algazarra no telhado das casas. Agora, elas já planejavam deixar os seus ninhos para migrarem novamente atrás do calor, deixando o frio que chegaria em breve para trás, um mal presságio.


Era manhã de um sábado ensolarado eu estava acordada, entretanto insisti em ficar mais um pouco de olhos fechados, pois foi a primeira manhã em três meses que não acordei com o barulho dos pássaros.


Deixei de prestar atenção no exterior da casa quando senti Urik se movimentar, abri os olhos para vê-lo, ele passou pelos pés da cama indo em direção à janela, provavelmente estranhando a falta de barulho. Tínhamos reclamado durante todo o verão em relação ao tumulto que elas faziam, e eu estava satisfeita que o tempo delas conosco havia se esgotado.


- Elas se foram? - Perguntei a ele, assim que me levantei.
- Aparentemente sim.
Urik não era de muita comunicação nos primeiros horários após acordar, sempre falava coisas aleatórias, mas nunca tomava decisões, ou tinha grandes papos, muito menos filosofava.
Seus olhos ainda não haviam se desprendido da paisagem quando ele deu prossedimento a conversa, me fazendo estranhar:
- Elas vem e vão em todo começo e fim de verão, são tão livres ao mesmo tempo que são monogâmicas, isso é tão intrigante.
- Por que intrigante?


- Porque elas são livres, e ainda assim em algumas espécies ficam com um único parceiro por toda vida, amam apenas um indivíduo.
- Hãm... – Resmunguei sem interesse, comunicando em sequência – vou tomar banho, se quiser me acompanhar.
Urik não respondeu, pois estava entretido demais olhando para o céu.


Deixei a água encher a banheira, e mergulhei dentro dela a fim de relaxar, me veio em mente alguma coisa sobre as andorinhas de Magnus, mas nada que pudesse me prender a atenção por muito tempo.
Não demorou muito, e a porta do banheiro foi aberta.


Urik abriu a cortina do box, e se acomodou rapidamente atrás de mim, enquanto reclamava:
- Que água quente, Elladora!
- Preciso relaxar os músculos antes de me entregar as tarefas.
- Falta muito pra acabar o seu quadro?
- Pouca coisa - Respondi secamente, sem a menor intenção de continuar com o assunto, e dei a conversa um rumo mais agradável.


- Já falei que te acho lindo? – Ele riu um pouco tímido, o que me fez achar graça - É sério... sua boca, seu nariz, seu queixo, sua sobrancelha, Tudo em você combina, acho isso incrível.
- Você é a primeira mulher que me fala isso.
- Que piadista. - Fingi estar irritada.
- É verdade! Bom, tirando a minha mãe.
- Ok, também devo ter sido a única sem ser a sua mãe com quem você teve tempo e paciência para conversar.
- Pode ser esse o motivo também.
- Seu palhaço.


- Eu também te acho, linda – Urik sussurrou - os ossos evidentes antes da garganta, seu pescoço, sua boca... tudo é tão perfeito em você.
- Que exagero! Já te vi com mulheres mais bonitas – Impliquei só para que ele voltasse a me elogiar.
- Duvido que tenha visto... você É a mais bonita.


Sorri de forma escancarada, antes de provocá-lo mais uma vez:
- Acordou apaixonado por mim hoje, Magnus? – Ele revirou os olhos por causa do nome, porém não mudou de assunto:
- Todos os dias eu serei apaixonado por você, Elladora, espero que você nunca se esqueça.
- Felizmente, tenho você todos os dias pra me lembrar. – Retruquei convicta.


- Você ainda me ama como me amava no dia em que... em que me beijou? – Perguntou Urik, voltando a ficar sério.
- Ainda te amo como no dia em que fizemos amor pela primeira vez.
- Ainda sente a mesma atração por mim como sentia naquele dia?
- Sinto a mesma desde quando te vi no quarto com as duas garotas. - Respondi,com toda a sinceridade - Nunca desejei tanto ter alguém como desejei ter você naquele momento. E você? Acho que nunca soube o dia em que me notou realmente.
- Claro que sabe, foi no dia em que te vi.


- Eu te odiei tanto naquele dia, Curtis... te odiei demais, você me tratou muito mal.
- Dá um desconto, né? Fiquei desconcertado com a situação, e você com todo o seu jeitinho meigo de ser, me desafiando logo de cara... no mesmo instante soube que você não era como as outras.
- Mas acabei cedendo, isso te decepcionou, não foi?
- Você nunca me decepcionou, L’adora... – Disse ele, me lançando um olhar carinhoso -Muitas vezes, quando acordo e te vejo ao meu lado, ainda é difícil de acreditar que você está comigo, que é minha.


- Eu sou sua, Urik, desde o dia em que você decidiu que eu seria, e vai continuar sendo assim... pelo menos até o momento que eu sentir que devo lutar por você.
- Tão racional – disse ele, virando-me em sua direção – você é incrível, como pode saber a hora exata de parar?


- E quem disse que eu sei, Urik? Amor e razão não caminham juntos. Mas, enquanto eu sentir que tenho motivo pra lutar, eu lutarei. Porém, se sentir que não tem mais volta, eu deixarei você seguir o seu caminho sem interferir, e vou tentar fazer a mesma coisa, assim como espero o mesmo da sua parte...


Assim que meu pequeno discurso deu-se por encerrado, Urik me puxou para o seu colo com urgência, e antes de colar a boca dele na minha, murmurou num tom abafado, quase inaudível:
- Eu não... quero te decepcionar.
E respondi no mesmo tom:
- Você não me decepciona, Urik, não mais.


Foi a primeira vez em que fizemos amor de verdade, e muito provavelmente tenha sido a única; Pois algo me dizia que em meio aos gemidos fracos, do vai e vem vagaroso e preciso, e das mãos que não bastavam para nos tocarmos, que aquela era a primeira e última vez que nos entregaríamos de corpo e alma.


Eu nem posso dizer que me surpreendi ao ver as lágrimas mais uma vez manchando o rosto perfeito de Magnus, porque dentro de mim a tragédia já havia sido anunciada, eu só não tive o dom imediato da percepção, e se tive, simplesmente o ignorei. Quando tudo acabou, eu o abracei o mais forte que consegui, e assim que encostei minha testa no seu ombro Urik disse mais uma vez:
- Eu te amo, e nunca, nunca vou deixar de te amar.

5 comentários:

  1. Eita... Nem sei o que dizer hoje, exceto: Boa sorte para as duas andorinhas!

    AMO!
    bjosmil! *.*

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  2. Tensaaaaaaaaaa! Eu não sei nem o que dizer! A curiosidade para saber o que aconteceu é da mesma proporção do meu receio, comofas? =/


    Bjks!

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  3. Elladora tem me deixado tão confusa que eu nem sei o que dizer, ou o que pensar... .aa.
    Será que o tal fim próximo, só estava assim tão próximo pelo tanto que ela o chamou?! Cara... é demais pra mim esse sofrimento antecipado... ashh
    Tb não sei o que esperar...

    Beijos...

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  4. Lindo sempre, Curtis! .baba.

    Quando ele diz que irá amá-la pra sempre eu não duvido, mas isso não quer dizer estar junto pra sempre, certo... çç'
    Surpreendeu-me que Ell não tenha dado maior atenção ao comentário sobre as andorinhas do Curtis, por ela estar sempre pensando o pior, mas, pelo visto, o sexto sentido dela é aguçado o suficiente para sentir até mesmo que ela não toma consciência.
    Não acho que foi por falta da Ell não acreditar que estaria para sempre com o Curtis que não aconteceu. E nem por ela não fazer por onde, porque ela realmente se entregou de corpo e alma.
    Acredito nesse amor eterno dos dois.
    E mesmo depois de tantos anos, olha onde as lembranças da Ell foram parar. E a julgar por como ela passou esse tempo sem o Curtis, é como se a sua vida tivesse parado também.

    Ain, Carol... Percebe o quanto me tortura?
    Pior que amo isso. .-.

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  5. Bom meninas...

    Seja por ela ter tido tanto receio,ou simplesmente porque as coisas são como são, e o que está destinado para nós, temos que passar, enfrentar e chutar a bola pra frente, não tem jeito.
    Seja o que for... que eles saibam lidar com os momentos e continuem vivendo bem, independente do que vier a acontecer.
    Eles se amam sim, mas nem sempre o amor é garantia de felicidade eterna.
    Hoje de madrugada eu vou estar postando o capítulo 39.

    Mil beijos e bom Domingo!

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